e por diversas vezes fui à rua
Ora para ir a uma livraria
ora para ir ao supermercado
ora só mesmo para andar em meio a multidão
Em todas as vezes deparei com duas senhoras
estacionadas sempre no mesmo local
Junto a elas uma estante com panfletos
Diversos deles
Por vê-las sempre no mesmo lugar
independente da hora
Acabei dando asas à minha curiosidade
e parei para saber do que se tratava
Eram mensagens que nos questionavam
até quando suportaremos o sofrimento
e a quem devemos recorrer para eliminá-lo
E junto a pergunta vinha também a resposta:
JESUS CRISTO
Fui embora matutando:
Se o próprio Jesus apesar de todo seu amor e exemplo sofreu horrores
e em sua mensagem central jamais prometeu o fim da dor
Como podemos pretender a salvação de todas as nossas provações
e nos tornarmos cegamente crentes nesta possibilidade?
Pecado dos grandes é prometer algo que não se pode cumprir
Pois vejamos alguns de diversos fatos:
Janeiro de 2009- Um templo evangélico desaba em pleno culto matando nove pessoas
Julho de 1987-Um caminhão de romeiros tomba na BR-040 matando 62 pessoas
Onde se enquadra a lógica da premissa do fim dos sofrimentos aos tementes(ou devotos) do Senhor?
Esta má interpretação e incontrolável saga do ser humano de se ver livre dos desastres e da dor
Torna-o um perpétuo buscador do fim de suas mazelas sem nunca obtê-la por completo
Não discuto aqui a fé, mas sim a divina compreensão de que devemos isto sim
Erradicar o quanto for possível de nossas vidas o medo
Porque na vida sofrer e sorrir são metades de uma só moeda
Mas no exercício de aplacar o medo vamos conquistando cada vez mais a liberdade
Liberdade para aceitar a natureza imutável(pelo menos até agora) da vida
Com suas luzes e sombras, suas alegrias e lágrimas, suas vitórias e derrotas
Só se molda um anjo com o barro do humano
E tomando emprestado um dito popular:
"Ser homem é padecer no paraíso"
Jamais haverá salvação por si só ou em sua crença
Ela virá sim somente pela conquista da sabedoria
de que o abismo e os píncaros são frutos do pomar divino
E é com o provar deles que nos tornamos salvos e libertos da dor.
Denis Cunha
26/01/2015
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