quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DOIS MIL E TREZE

Nada mais pode ser como ontem
digo do ontem como encerramento da era
era maia, era maya, era caos
nada mais pode ser como ontem
nem mesmo a poesia
aí que se torna difícil tal empreitada
pois se olho para dentro
são ontens que ainda me acenam
ontem empregado, ontem pai, ontem extremamente comportado
ontem poeta de palavras fáceis
mas nada mais pode ser como ontem
hoje então é puro vazio
vazio que ainda tem peso, largura e espessura
não ainda o vazio do velho, do insalubre, do ruído de  vozes que pedem
mas tem de ser um vazio que vá conter uma escrita sucinta, estarrecedora, causadora do gozo
mas se quero e me atreverei a ser um poeta do novo
tenho de inventar novas palavras
que ao se juntarem criem um novo modo de empolgar
satisfazer e tocar o coração de quem vai ler
e principalmente tocar meu coração
é isso aí, tem de ser assim ou não vou mais escrever
vou comprar pincéis e tintas e virar pintor
e minha primeira tela será apenas um pingo de tinta rosa
pois rosa é a cor do amor
em uma tela alva
imaculada como a inspiração que deverei ter daqui para a frente
se quiser continuar a ser o artista (poeta ou pintor?) que fui desde ontem
só que nada mais pode ser como ontem
difícil, sim...
impossível, não acredito...
o tempo que se esvai tão depressa dirá.

Denis Cunha
02/01/2013




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