sábado, 8 de setembro de 2012

TAGARELANDO EM SILÊNCIO

ah que paradoxo...
enrolar-me sempre nas teias das palavras sendo eu muito mais calado que tagarela...
será que mamãe lia poesia enquanto grávida
e eu ouvia no silêncio uterino?
será que "e o verbo se fez carne"
a mim também diz respeito?
e intuir esse milagre calou em mim o excesso
de dizer só por dizer?
fazendo do meu facínio pelas palavras
ofício sagrado de apenas falar
através das cordas vocais
do meu coração
será que tem cordas vocais os corações?
devem ter
pois dizem que nele há até a alma da gente
só sei que vivo tagarelando em silêncio
e quando algum som se faz ouvir
é sempre desejo de  tornar minha voz
parteira da poesia

Denis Cunha
08/09/2012
 

 
 

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