sexta-feira, 7 de setembro de 2012

GENTES E AFAZERES E NÃO FAZERES

ah todas estas gentes
entre tantas também eu
agarradas como na beira
do precipício ou da preguiça
desatentas quando a beleza
vem no vôo
escorre pelo rios
brota do chão feito azaléias e orquídeas
mas estamos grudados
na velha inércia
ou no imaginário temido abismo
da mudança e da coragem de mudar
e escolhemos sem muita escolha
a vaidosa aparência
que há de murchar feito flor desgarrada do caule
preferimos o cheiro do carro novo
a roupa da moda e a tv digital 
entregar nossa adoração a diversos guias do espírito
seguir o bando sem qualquer indagação
rezar a ladainha do hoje como o ontem
do amanhã se deus quiser
igualzinho ao outro dia que passou
ah tantas gentes
entre tantas também eu
sonhando um novo horizonte
e acordando no cotidiano banal
sem a força de mandar "às favas"
esta rotina tão igual
deixando sempre pra amanhã
a alforria da condicional
que tornou cada beleza individual
na uniforme massa sem tempero e sal
ah tantas gentes com seus afazeres
e não fazeres o principal
voar em altos sonhos
ser livre quando acordar

Denis Cunha
07/09/2012

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