quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

MINHA CRENÇA

Depois de tantos anos decorridos, ainda hoje me questiono por que é que eu escrevo. Entre respostas que às vezes são conflitantes, a verdade nua e crua, é que eu escrevo, como respiro, como me alimento, como durmo, afinal, como uma necessidade básica.
Em decorrência disto, aqui estou novamente de pena em punho, e o que irei apresentar hoje, poderá desagradar a muitos, causar indiferença a outros tantos, e talvez fazer sentido para alguns.
Já consta em anteriores escritos meus, e vou voltar a repeti-lo nesta empreitada, no intuito de me fazer entender de modo mais conclusivo, uma máxima da filosofia Zen que diz o seguinte:
" Quando não conhecemos o Zen, os rios são rios, as montanhas são montanhas e as florestas são florestas. A partir do momento que começamos a estudar o Zen, os rios não são mais rios, as montanhas não são mais montanhas e as florestas não são mais florestas. Aí então, quando compreendemos o Zen, os rios voltam a ser rios, as montanhas voltam a ser montanhas e as florestas voltam a ser florestas."
O que nos quer dizer o provérbio acima, é que ao enveredarmos pelo caminho do conhecimento, saímos de um status de ignorância e apatia, percorremos sítios de profundas mudanças e acabamos retornando ao mesmo lugar comum da pretérita partida, só que totalmente transformados e capazes de discernir a própria verdade entre tantas outras verdades.
Assim foi e tem sido minha experiência em estar vivo, e acredito que possa ser semelhante a outros, diferente apenas na capacidade de escrever sobre elas.
Desde muito cedo, ainda na idade infantil, porém já alfabetizado, tive o encontro com um bíblia ilustrada, onde uma imagem de Deus em seu trono, e os dizeres que fomos feitos à sua semelhança, foi o gatilho que disparou em mim o desejo sincero de me tornar igual ou o mais parecido possível, àquela figura tão majestosa e cheia de poder, pois devido a uma grande timidez, que me era profundamente familiar, confesso não sentir naquela época nenhuma semelhança com aquela criatura cheia de encantos.
Daquele fato em diante, não parei mais minha busca interior, e não é minha intenção, fazer um relato minucioso de todo o caminho que percorri, até o momento de hoje, em que me apresento aqui, redigindo este texto. Minha intenção focada, é expor uma opinião consciente sobre o que compreendi das diversas religiões que abracei ao longo do percurso.
Para melhor entendimento de minha opinião atual, faz-se necessário dizer que já fui católico, estudei bastante o hinduísmo, budismo, fui rosa-cruz, espírita e por fim messiânico. Hoje confesso meu total ateísmo, não no sentido de desacreditar em Deus, mas sim um total descrédito na autoridade e promessas de todas estas seitas que vivi e abracei.
O que percebi no hinduísmo, foi uma total rejeição ao corpo biológico e uma apática aceitação das misérias humanas, ficando as promessas desta crença, fixadas num mundo do porvir, repleto de uma infinidade de deuses de todas as formas e vontades. Uma religião onde o abandono e a martirização do corpo físico atinge seu auge, justamente quanto mais credenciado for seu sacerdote.
O que restou do catolicismo, foi uma nítida certeza de que esta crença, precisa do, e se mantém no, conceito do "pecado", pois só assim poderá oferecer como recompensa um futuro e distante "paraíso".
Tem-se a impressão de que, o tesouro do espírito jamais poderá se misturar às coisas da matéria. Fora inúmeras incoerências encontradas na sua doutrina, que por exemplo cito uma: se somos feitos à imagem e semelhança(portanto, iguais) do criador, como podemos também carregar o "pecado", este nefasto mal, que se não extirpado em tempo, poderá nos causar a queda eterna no "inferno"(sofrimento dilacerante sem fim).
O que encontrei no espiritismo, confesso que foi algo bem mais contagiante que as demais crenças que defendi. Firmado em uma base onde religião convive com a ciência, bem que poderia ter me prendido por mais tempo, mas acabei encontrando em sua prática, uma certa comodidade em relação ao nosso aprimoramento interno, pois tendo sua principal base a crença na reencarnação, já não é tão necessário tanta pressa em evoluir, pois sempre haverá a oportunidade de um novo início, com uma nova encarnação.
E vi nela também, um certo orgulho, em se achar mais sábia e coerente que as demais religiões.
Entre todas as religiões citadas no início desta reflexão, deixei o comentário sobre o budismo por último, visto que sobre a ordem rosa-cruz e a igreja messiânica, não tecerei comentários, por não ver nelas nenhum motivo para tal.
O budismo, na contramão das demais seitas, não fala muito em Deus, não faz promessas futuras, e substitui o conceito do "pecado" pela realidade do "sofrimento". Suas práticas, apontam para o entendimento das causas do sofrimento, e sua possível solução, baseadas numa forma coerente de viver e de pensar, nos situando no lugar que realmente estamos, ou seja, vivendo no aqui e no agora. O budismo aponta o seu dedo, não em direção ao céu distante e futuro, mas para a terra em que de fato vivemos e obtemos nossas experiências.
Após todas estas opiniões, chego ao final, ancorado na certeza que O Criador, não fez planos futuros para nenhum de nós, ao contrário, nos deu o presente do presente e da liberdade de escolhas(livre arbítrio) para dirigirmos nossas experiências de acordo com nossos anseios, e que este mesmo Criador, é parte integrante de cada um de nós, seres de consciência.
E é minha intenção também, poder dar consolo a muitos que como eu, num passado próximo, sabia não concordar com as "verdades" que me foram sendo impostas, mas temia ir contra elas, devido ao estigma do "pecado".
Não sei se compreendi totalmente o zen, porém já vejo os rios voltarem a serem rios, e isto eu posso dar testemunho: não estou ainda livre do "sofrimento", porém já consigo suportá-lo em paz comigo mesmo, sabedor que não tenho culpa nenhuma, se uma abelha morre neste exato momento no outro lado do mundo, e que não perco mais tempo em me focar no "probleminha" que me visita, pois há um "problemão" muito maior em todo o mundo, em todo a galáxia, em todo o cosmos, e eu não poderei jamais dar conta dele, então, assumindo minha inteligência inata, não me importo mais, pois tudo se resolve afinal.
Costumo brincar com amigos, que o grande problema em questão, quem criou foi Deus, ao inventar o homem e lhe dar liberdade, e agora não sabe mais o que fazer para que voltem os velhos tempos de paz e sossego do éden.

Denis Cunha
11/12/2014

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