terça-feira, 4 de novembro de 2014

DESPEDIDA

Um apito distante e indefinido,
que bem poderia ser de vapor antigo
ou locomotiva nos trilhos, interrompe meus pensamentos,
e me traz de volta ao banco da estação.
Na certa é apito de trem sim,
pois falta mar aqui nestas bandas, e nem rio caudaloso também há.
Volto aos meus pensamentos e ensaio uma dedução:
As realidades são múltiplas, mas é seguro que se manifeste uma de cada vez,
pois do contrário corre-se o risco de abalar o juízo,
e falta de juízo pode atrofiar a liberdade,
e a liberdade ou é ou não é.
E eu prezo para que ela seja sempre.
Um pio de ave de rapina, que risca o céu acima da minha cabeça,
arranca-me uma vez mais do meu devaneio.
O trem só para pouco tempo na estação, é preciso seguir adiante.
Acelero então meus passos, confiro o bilhete e subo os degraus da plataforma.
Um apito a mais, e este é da locomotiva avisando da partida eminente.
Já estou na minha poltrona, e ela é de janela,
por onde em silêncio intencionado, haverei de ver lindas paisagens.
Mesmo assim, não direi ainda adeus, é por demais definitivo.
Até breve soa bem melhor e mais adequado.
Há de ter poesia no silêncio,
tem de haver.

Denis Cunha
04/11/2014

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