sexta-feira, 19 de setembro de 2014

CRÔNICA DO BITOLA

CRÔNICA DO BITOLA

Cidade do interior, década de 70, colégio Pio XII, começo da aula de História...
Na sala de aula 38 alunos, pois naquela época, escola era coisa séria, respeitadíssima, e frequentada.
Em meio a tantos alunos, o que nunca faltava era a diversidade de personagens marcantes.
E na turma em questão, quarta série ginasial, tinha o famoso Zé Bitola, apelido merecido, devido à enormidade de seu órgão reprodutor. E o mais intrigante e também hilário, era o seu descontrole na questão de manter seu "bitola" sossegado e adormecido. Bastava uma pequena insinuação, ou imagem, ou seja lá o que for, de cunho sexual, e seu "bitola" acordava impetuoso e cheio de vigor.
Era costume na época, antes do início da matéria, todos os alunos se perfilarem para fazerem uma oração.
A professora, Dona Ceni, viúva a muitos anos, mas ainda de boa forma física, fazia questão de seus alunos rezarem de mãos postas feito bons cordeirinhos.
Ao lado do Zé Bitola, ficava seu colega Chiquinho, moleque tinhoso que adorava ver o "circo pegar fogo".
Pois bem, logo ao se levantarem para a oração do dia, Chiquinho sussurra um gemido sensual:
- Hum, aaai, hum, aiiii, hum...
Não deu outra, como um foguete, a bitola do Zé acordou furiosa...
Imediatamente, Zé Bitola pega sua mochila e coloca em frente a sua cintura, justamente para esconder o dragão desperto.
Apesar de ficar nas carteiras mais ao fundo da sala, suas mãos ocupadas, impedindo de tê-las postas, junto ao peito, logo chama a atenção de Dona Ceni, que lhe censura:
-José, quer fazer o favor de guardar a mochila e se preparar para a oração!!!
E o Zé retruca:
-HEMMM???
-As mãos ocupadas, José, largue a mochila logo!!!-diz Dona Ceni.
O Zé, já bastante corado e sentindo um filete de suor a escorrer pela testa, balbucia:
-Não dá Dona Ceni...
-O quê, não escutei direito.-retruca a professora.
No afã do sufoco, Zé tem logo uma ideia:
_Dona Ceni, acabo de ganhar esta mochila, então quero rezar hoje segurando-a, para que Deus a abençoe...Pode???
Dona Ceni, intransigente , logo lhe dá o ultimato:
-De mãos postas José, já!!!
-HEMMMM???-responde Zé.
-Não vou pedir de novo...guarde esta mochila e poste as mãos, já estamos atrasados.
-Então posso rezar de joelhos Dona Ceni, estou precisando agradecer muito por este presente tão especial.- implora Zé Bitola, imaginando ser esta a melhor solução de obscurecer a exibida situação.
-Não tem graça nenhuma José, você rezar ajoelhado e seus colegas de pé...Vamos logo com isto!- responde a professora, já um tanto irritada.
-E se meus colegas se ajoelharem também??? Só hoje!!!-suplica Zé Bitola.
-Bem, se todos concordarem...- propõe Dona Ceni.
Já controlando-se para não cair na gargalhada, mais que depressa, Chiquinho puxa a fila:
-Nããããoooo!!!!...
Ao que o resto da sala, feito boi na manada, exclama em uníssono:
-Nãããããoooooo.
-Bem, sendo assim, deixe logo de bobagens e guarde esta mochila e poste suas mãos.-ordena Dona Ceni.
Já totalmente sem cor, e com o rosto banhado de suor, Zé Bitola, com voz de choro exclama:
-Por misericórdia, professora, eu cheguei a sonhar esta noite que eu iria rezar na próxima aula segurando minha mochila nova, em sinal de agradecimento e pedido de benção...
- Deixe de gracinhas, e LARGUE SUA MOCHILA E POSTE AS MÃOS....JÁÁÁÁÁ!!!- ordena Dona Ceni.
-Ai meu Jesus Cristinho...-exclama em desespero o Zé, e vai baixando a mochila devagarinho.
E para seu lamento e assombro de todos, e principalmente de Dona Ceni, a "bitola" continuava alí, valente...
Em meio a algazarra dos colegas e o susto de Dona Ceni, o fato foi consumado. Todos viram a grandeza do Zé, que feito condenado submisso, ficou ali parado, esperando o diabo lhe levar a alma.
O fato é que, após o ocorrido, o Zé Bitola, foi suspenso por 3 dias das aulas, por comportamento suspeitoso, o que lhe deu no fundo uma grande alegria, poder jogar bola, soltar pipa, enquanto seus colegas estavam presos na sala de aula.
Quanto a Dona Ceni, andou meio sumida algumas semanas, e ninguém soube explicar tal ausência das aulas.
Só se sabe que a viram, várias vezes, entrando no consultório do psicólogo da cidade.

obs.: tanto os personagens, quanto o colégio são meramente frutos da minha imaginação.

Denis Cunha
19/09/2014

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