quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

PAIN

Estava eu na rede, ouvindo arrebatadora música
num balanço sereno e suave.
Caía mansa a chuva e o frescor da noite era doce e cheio de encanto.
Tomei em minhas mãos o último artigo de Jean Tinder, que definitivamente
me abriu as portas da liberdade: Não tá bom, desliga o programa...
Só que minutos após vim descobrir que tal ferramenta, utilíssima por sinal,
me serve e servirá sempre para os entraves do ego: insatisfação, medo, angústia,
depressão, tristeza, mágoa, rancor e por aí afora, pois ao me mover para sair da rede
e ir para a cama, fui acometido de uma tremenda cãibra no pé direito.
Uma dor desumanamente dilacerante, desesperadamente incontrolável e horripilantemente dolorosa.
Alí, naquele instante, nada de filosófico, nada de espiritual, nada nirvanico me valeria a pena,
ou melhor, me livraria da dura pena que biologicamente me foi imposta.
O nirvana, o céu, a iluminação, a liberdade, era apenas o cessar de angustiante dor.
Mas ela passou finalmente, que alívio...
Fiquei matutando: Sou o divino esplendoroso, o observador de todas as graças do universo, o merecedor
das glórias sonhadas e por sonhar, só que aprisionado nesta bolha biológica, que carrega em si
o potencial para dores que jamais poderei imaginar e jamais suportarei sentir.
Só que todas elas passam, e quando ela não passa de forma nenhuma, sendo impossível suportá-la,
abrimos então nossas asas e nos arremessamos num vôo fulminante em direção à morte.
Como é paterno o tempo,  quão materna é a morte, e quão fascinante é a vida.
Como são maravilhosos, insondáveis e magníficos todos nós, seres que suportam as dores físicas.
Talvez por isto aprendi desde cedo a amar os homens e os animais.
Compaixão.

Denis Cunha
04/12/2013




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