sábado, 1 de setembro de 2012

CONFISSÃO ARRISCADA

não é perdão que procuro
não há pároco a ouvir
apenas eu e quantos lerão
esta verídica confissão
consolidada na experiência vivida
compreendida com cada fibra de minha lógica razão
e muito e muito mais sentida por cada artéria do coração:
não carrego mais comigo nenhum problema
apenas me acompanha ao longo destes anos singular aflição
o de não encontrar via consciência cotidiana
o caminho até o nirvana já vivido
o céu já atingido
a clareza já acendida
a pura paz e ampla liberdade alcançada
outrora presenciada por cada sentido humano
dos quais sou composto
quando fumava do "cachimbo da paz"
quando tomava a beberagem de cogumelos nativos
ou quando dançava na celebração da ayahuasca
e nestas ocasiões dava de cara comigo mesmo
divino, completo, integrado, soberano
inteiramente indiferente sobre valor
medida
dúvida e medo
apenas presente no presente da vida
e hoje celebro em gratidão pelo dom da lembrança
que avalisa a todo instante da minha vida
que apesar de toda a balbúrdia
o silêncio nos aguarda até que estejamos prontos
para construir um novo mundo
outra vez puro, natural
simples como cada raiar do sol
meu pecado não é desconhecer a luz
é não tê-la acesa a cada passo do caminho
por isto fiz da poesia
minha maior alegria
pois nela viajo sem mais precisar do cachimbo
do nativo e nem da ayahuasca
hoje faço da poesia minha magia
que transforma a lida incoerente
na compreensão mais ardente:
sou
mesmo sem saber de onde
vou
mesmo sem saber pra  onde
e a supor pela grandeza que já testemunhei
hei ainda de ser tudo o que desejo
e de ainda ir morar onde fica a minha casa
lá onde moram todos os meus amores
do primeiro brinquedo de natal
da minha alma imortal
e cada rosto e coração que estiveram comigo
em toda esta jornada sem igual

Denis Cunha
01/09/2012

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