sábado, 25 de agosto de 2012

AMNÉSIA

ainda ontem um frasco de perfume aberto
levou-me em asas feito algodão doce
a paragens dionisíacas em minha alma
não me lembrava mais desta dádiva
o amor da primeira idade
descobri-o num desbotado bilhete
esquecido em meio a livros e poesias velhas
porque ele não pulsa mais em minhas veias ?
calou-se já a algum tempo o eco encantado
da meiga voz materna quando em teu colo
aguardava com certeza a chegada do sono
as várias verdades que tanto me guiaram
por vielas escuras outrora
perderam-se feito areia fina sob vento tempestuoso
ainda vejo na estante da sala meu último carrinho
brinquedo que guardei com esmero
embora não mais saiba como brincar com ele
regido por impulso desenfreado
mais que apressado vou logo escrevendo
confessando meus sonhos e pecados
pois sei que amanhã minhas glórias serão passado
mas guardo na memória como exercício de oração
que se de tudo eu esquecer
que permaneça comigo a poesia
em versos escritos
no torvelinho da vida
ou numa simples canção

Denis Cunha
25/08/2012






Nenhum comentário:

Postar um comentário