terça-feira, 25 de março de 2014

APÓLICE

Não é nada seguro, não é mesmo...
Vejam só os astros, em que se seguram ?
e ainda giram !
Olhem as frutas nas árvores,
dependuradas nas alturas em finos caules.
Navios, gigantes de metal atirados na água,
aviões suspensos no ar rarefeito,
comboios de vagões a deslizar em finos trilhos.
Não é nada seguro, não é mesmo...
Ouvi de um certo alguém esta máxima:
"Não lhe disseram que aqui não é seguro?"
referindo-se a esta vida.
Muito belo, mas não seguro.
Evidência maior não pode haver:
seguro de vida, de carro, de bens...
Realmente não é seguro,
não na lógica, na matemática, nas ciências exatas.
Mas para ser exato, vivo a insegurança
seguro na certeza que sou, estou, respiro.
Inspiro o sentimento de que, por não ser seguro,
é que tudo vai bem.
Pois o seguro sempre permanece,
enquanto o inseguro há de sempre mudar,
e é pela mudança que,
se por um lado o sorriso murcha,
por outro a dor passa.
Não é nada seguro, não é mesmo...
E se me disseram isto antes de eu vir para cá,
creio que assumi o risco,
e se nada me disseram,
vim para compreender que eu existo.

Denis Cunha
25/03/2014



2 comentários: