terça-feira, 14 de maio de 2013

SAMBÓDROMO

Olha o beija-flôr aí gente...
Passou ligeiro feito um beija-flôr
encheu meus olhos de frescor
mas não era ele o astro do desfile.
Eram outros os atores a se exibirem.
Na comissão de frente, passou a depressão...
Assustadora e espetacularmente fria,
exibia sua fantasia de medo e inércia.
Aplaudi com euforia, e ela passou.
Logo veio o carro abre alas com toda sua negritude,
era a angústia, magistralmente afiada e cortante.
Ovacionei-a com toda minha alegria, e ela passou.
Em seguida, que espetáculo de coreografia.
O mestre sala e porta bandeira,
exibiam com orgulho a dúvida e a dor,
numa dança que mais parecia um balé clássico.
Arrepiei-me de emoção e não contive meus gritos:
Já ganhou, já ganhou, já ganhou...
Mas eles passaram também.
As alas que se seguiram depois,
vestiam alegorias de raiva e maus pensamentos,
e aí foi o ápice deste deslumbrante desfile.
E também passaram.
Quando só restou o silêncio e a passarela ficou vazia,
o ligeiro beija-flôr voltou e perto de mim pousou.
Ficamos alí, em mútua companhia e deliciosa certeza:
Existíamos.
Muito além dos dramas, 
e mais empolgantes que qualquer show.

Denis Cunha
14/05/2013


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