quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

REVELAÇÃO

Não veio pelas páginas de um livro
nem tão pouco pela súplica aos santos
não segurava nas mãos nenhum terço
desfiando-o em ladainhas e orações
veio unicamente pela via do coração
na corrente sanguínea através das sístoles e diástoles
e invadiu por completo meu entendimento
sobre mim mesmo no contexto do viver
e foi tão contumaz que num só instante
retirou dos meus ombros toda a carga
que obstinadamente vinha carregando
em nome de não sei mais o que e nem de quem
e neste momento mágico de revelação
sorri em mansidão o sorriso dos deuses
dos titãs mitológicos de outrora
pois compreendi nesta hora
toda a falsa retórica que nos obrigou por todo o sempre
a acreditar na enganosa necessidade de nos responsabilizarmos
pelo mundo, pela nossa família, por nós mesmos
quando na mais pura e simples verdade do cosmos
é o universo que sem ônus nenhum para si
vibra em alegria e beleza por se responsabilizar
por cada um de nós indistintamente
em amor e gratidão por nossa perene coragem
de simplesmente estar Aqui e Agora.
Não me atiça a curiosidade de saber se me tornei mais sábio
após fulminante revelação
mas me tornou bem mais capacitado a compreender
o presente inebriante de inúmeros bônus da liberdade.
Já distingo ao longe a branca fumaça da chaminé
e o aroma inesquecível dos quitutes da mamãe.
Estou bem próximo de Casa.

Denis Cunha
17/01/2013


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