domingo, 11 de novembro de 2012

MAYA

Lembrei-me de abrir antigo baú esquecido na dispensa,
além de poeira e cheiro de mofo,
havia livros, muitos e variados livros:
"Rumo à Consciencia Cósmica", "O Terceiro Olho do Guru", "Os Chakras da Luz", etc..
Custo a crer que devorei a todos, com uma disciplina de dar inveja a escoteiros.
Também pudera, apesar da garantia dada por seus autores, eu nunca conseguia
atingir o que ali era proposto, por isto era sempre necessário outro e mais outro...
Já repararam nas cerimônias religiosas, como os sacerdotes tem a voz, a carinha,
as mãos postas, dando a impressão de uma inocencia e purezas máximas?
Pois é, quantas vezes já postei minhas mãos também, já ensaiei carinhas místicas,
entoei canticos e mais canticos, geralmente em idiomas que jamais vou entender,
tudo isto visando atingir aquela santidade meticulosamente articulada e propostas
nestes livros dos quais falo.Quase tudo em vão, pois a gravidade da matéria sempre
vinha e colocava uma casca de banana em meu caminho, e aí...tombo certo.
Mas eu não desistia, partia pra outro caminho, outro guru, outras cerimonias, etc.
Até que aquela insistencia começou a me irritar, e nesta irritação comecei a ter
diferentes "sacadas", entendimentos mais sutis e muito menos complicados.
Passei a olhar para mim mesmo, reassumi a grande mística que havia abandonado
desde muito tempo: voltei a escrever. Escrevi meus sentimentos, escrevi minhas dores,
escrevi minhas dúvidas, escrevi meus nirvanas, escrevi bobices, escrevi grandezas.
Dei de cara com um guru altamente sensual, simples e livre do "pecado original",
EU MESMO.
Hoje escuto uma voz que é dita sem palavras, é bem mais como uma melodia,
uma singela música que me sussurra aos ouvidos tons de liberdade, uma liberdade
que me permite mesmo estando no momento afundado no charco, não esquecer
da pureza da flor de lótus.
Não sei se sou feliz ou se não, não sei se sou iluminado ou não, não mais me
importa estas questões, acho tudo isto uma grande "burrice", visto simplesmente que
apesar de todos os pesares, SIMPLESMENTE SOU E SEREI ENQUANTO FOR,
o depois é apenas uma idéias de tempo, e o que é o tempo a não ser as voltas infindáveis
de dois ponteiros que apesar de seus constantes movimentos nunca vão a lugar algum.
Prefiro agora andar de braços dados com a poesia, com a música, com os dias que amanhecem,
com a brisa que sopra no verão, com os pingos da chuva mergulhando nos lagos, com os estrondos
dos trovões, com a diversidade dos perfumes, com a beleza sensual das mulheres, com o sorriso
do meu filho, com o sorriso dos amigos e amigas do meu filho, e com a certeza de já conhecer
bastante os homens ao ponto de entre nós não mais haver dívidas mútuas.
Estou em paz e totalmente descompromissado em ter qualquer obrigação de tornar qualquer
coisa, diferente do que ela já seja, e quando encontro reciprocidade, adoro dizer: EU TE AMO.

Denis Cunha
11/11/2012

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