segunda-feira, 24 de setembro de 2012

EU QUERIA TANTO

queria decompor a rigidez de minhas junções
espalhar minhas células como bolas de sabão
que seguem um flutuar silenciosamente musical
rumo ao céu de nuvens brancas
queria desmembrar meus órgãos carnais
tornar coração pulmão rim e cérebro
em partituras musicais executadas na sinfônica astral
fazendo a platéia sonhar com o amor possível
o amor que não se importa com o espinho da rosa
o amor que prova o mel sem ater-se no ferrão da abelha
o amor que não barganha porque ama sem perguntas
queria perder totalmente a razão
e não me importaria se tornasse incoerente minha poesia
desde que a cada batida do meu coração
ecoasse o ritmo aveludado da paixão
a mistura heterogênea de todas as canções
de todas as danças
e todo o clarão
que descortinasse nem que por pouco tempo
o negro escuro da ilusão
fazendo-nos ver uma vez mais
todos os nossos encantos matinais
de quando ainda crianças
corríamos e brincavamos pelos quintais
inocentes e soberanos
simplesmente angelicais
eu queria tudo isto
e se fosse possível isto tudo
eu queria muito mais

Denis Cunha
24/09/2012


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